Deus meu... Meu Senhor...
sou humana pequena de ínfime tamanho
como um grão fino de areia...
diante da imensidão de todos os mares...
e da grandeza do Teu amor.
Assim... Quem...Quem sou eu?
Mas coloco-me em Tua presença
porque Tu és amor...
para Te falar dessa dor imensa.
Aqui derramo-me e rasgo meu peito.
Prostro-me e Te apresento o meu pleito...
o maior de todos que tenho contigo...
e o meu mais dolorido.
Um dia desses... em tormentos...
em meio a uma ferrenha batalha
entre pensamentos e sentimentos...
ao abrir o Livro Encantado...
disseste-me docemente...
e ao mesmo tempo com autoridade:
“A minha graça te basta...
porque o Meu poder...
se aperfeiçoa na tua fraqueza”.
Disseste essas palavras...
ao Apóstolo Paulo primeiramente.
Não desejo de forma alguma
igualar-me a ele...
e menos ainda... ser mais do que ele.
Reconheço minha exiguidade.
E graças Te dou por Tua inefável graça.
Porque ainda assim Tu olhas pra mim...
Lembro-Te aqui do que ainda declaraste...
“Eu sou, Eu somente,
e não há outro Deus além de mim.
Eu causo a morte e restituo a vida,
eu firo e eu saro..."
Feriste-me, eu sei...
com sábios propósitos... bem sei...
Para que eu me lembre em todo o tempo
que não passo de pecadora...
indolente.. reticente... insistente...
para que em meio a dores e temores
eu busque a Tua presença continuamente
aprenda a confiar em Tua fidelidade
a depender de Ti completamente
e em tudo reconheça a Tua bondade.
Porém, em silêncio...
nesta terra, tenho sofrido.
Este espinho em minha carne...
Ninguém o vê... Ninguém o sabe...
Pois é em mim que está cravado
e profundamente entranhado...
Por favor, por amor... Peço-Te... assim...
Com Tuas habilidosas mãos...
destreza e muita calma...
retira-o de minha carne.
Tenha pena mim...
Depois de tantos anos...
carne já tão inflamada...
Pois ultimamente....
ele me tem causado febres na alma...
E hoje no meu ser...
uma infecção generalizada.
Por muitas noites tremo...
e como a pomba... gemo.
É como uma chuva que não passa...
Meus olhos vivem nublados.
De dia... não veem os raios do sol.
À noite... não contemplam
o cintilar das estrelas.
De madrugada... só fazem chover.
Tento não me entregar a essa dor...
Mas... como esquecer?
Ela goteja... goteja...
goteja em meu peito.
Encharca meu travesseiro.
A todo antídoto resiste...
Aqui insiste, persiste...
Não sei mais o que fazer!
E falando ainda em resistências...
O belo Livro Divino também diz que...
o Senhor resiste aos soberbos
mas dá graça aos humildes.
Então, eu Te imploro somente isto, humildemente:
Se Te aprouveres... por Tua benevolência
e infinitas misericórdias... cura-me.
Eu gostaria de Te lembrar que...
sou pó... e como a erva...
que nasce, cresce, logo murcha e cai.
E também que sou Tua...
inteira Tua!
Meu Deus, na sepultura...
como hei de Te louvar?
Só Tu tens o bálsamo...
E hoje compreendo um grande mistério...
que escondo no coração...
Tu mesmo propositalmente nos feres
para nos lembrarmos de Ti...
colocarmo-nos em Tua presença
a fim de alcançarmos a cura da alma...
e com ela... tão grande redenção!
Eis aqui Tua infinita bondade!
Porque diante de Ti há refrigério
e num belo dia... plenitude de alegria...
Nos lindos coros angelicais...
abundância de poesia...
por toda a eternidade...
Porém, todavia, por toda vida
se não desejares curar-me...
resta-me somente clamar-Te:
Dá-me... dá-me mais...
da Tua maravilhosa graça!
Para que eu continue vivendo
de sempre em sempre em Tua presença.
E possa assim
debaixo de Tuas asas me abrigar
em Teu peito pousar...
em Ti me aninhar...
E em santidade...
na mais plena segurança...
eu venha enfim morrer de dor...
Mas reviver!
E eternamente... voar com o Senhor...
Amém.